sexta-feira, 31 de julho de 2009

E se Hansel e Gretel tivessem telemóvel?

Um excelente texto que merece a nossa leitura e a nossa reflexão.
Anoche le contaba a la Nina un cuento infantil muy famoso, el Hansel y Gretel de los hermanos Grimm. En el momento más tenebroso de la aventura los niños descubren que unos pájaros se han comido las estratégicas bolitas de pan, un sistema muy simple que los hermanitos habían ideado para regresar a casa. Hansel y Gretel se descubren solos en el bosque, perdidos, y comienza a anochecer. Mi hija me dice, justo en ese punto de clímax narrativo: “No importa. Que lo llamen al papá por el móvil”.
Yo entonces pensé, por primera vez, que mi hija no tiene una noción de la vida ajena a la telefonía inalámbrica. Y al mismo tiempo descubrí qué espantosa resultaría la literatura —toda ella, en general— si el teléfono móvil hubiera existido siempre, como cree mi hija de cuatro años. Cuántos clásicos habrían perdido su nudo dramático, cuántas tramas hubieran muerto antes de nacer, y sobre todo qué fácil se habrían solucionado los intríngulis más célebres de las grandes historias de ficción.
Piense el lector, ahora mismo, en una historia clásica, en cualquiera que se le ocurra. Desde la Odisea hasta Pinocho, pasando por El viejo y el mar y. No importa si el argumento es elevado o popular, no importa la época ni la geografía.
Piense el lector, ahora mismo, en una historia clásica que conozca al dedillo, con introducción, con nudo y con desenlace.
¿Ya está?
Muy bien. Ahora ponga un teléfono móvil en el bolsillo del protagonista. No un viejo aparato negro empotrado en una pared, sino un teléfono como los que existen hoy: con cobertura, con conexión a correo electrónico y chat, con saldo para enviar mensajes de texto y con la posibilidad de realizar llamadas internacionales cuatribanda.
¿Qué pasa con la historia elegida? Funciona?

La Nina, sin darse cuenta, me abrió anoche la puerta a una teoría espeluznante: la telefonía inalámbrica va a hacer añicos las nuevas historias que narremos, las convertirá en anécdotas tecnológicas de calidad menor.

Un enorme porcentaje de las historias escritas (o cantadas, o representadas) en los veinte siglos que anteceden al actual, han tenido como principal fuente de conflicto la distancia, el desencuentro y la incomunicación. Han podido existir gracias a la ausencia de telefonía móvil.
Ninguna historia de amor, por ejemplo, habría sido trágica o complicada, si los amantes esquivos hubieran tenido un teléfono en el bolsillo de la camisa. La historia romántica por excelencia (Romeo y Julieta, de Shakespeare) basa toda su tensión dramática final en una incomunicación fortuita: la amante finge un suicidio, el enamorado la cree muerta y se mata, y entonces ella, al despertar, se suicida.
Si Julieta hubiese tenido teléfono móvil, le habría escrito un mensajito de texto a Romeo en el capítulo seis:

M HGO LA MUERTA,PERO NO STOY MUERTA.NO T PRCUPES NIHGAS IDIOTCES. BSO.
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Vale a pena continuar a ler este texto de Hernán Casciari em:


E agora façam o exercício proposto: pensem numa história que ouviram em pequenos ou que contam agora aos vossos pequenos e "comprem" um telemóvel ao protagonista.
Um desafio interessante e criativo!



sábado, 25 de julho de 2009

Jesusalém

Mia Couto esteve recentemente em Portugal para lançar o seu último livro, "Jesusalém".
É a estória de Silvestre Vitalício, que, profundamente abalado pela morte da mulher, Dordalma, se afasta para o lugar mais remoto e inalcançável. «Aí, numa velha coutada de caça em ruínas, funda o seu refúgio, a que dá o nome de Jesusalém, porque a vida é demasiado preciosa para ser esbanjada num mundo desencantado».



“Não chegamos realmente a viver durante a maior parte da nossa vida. Desperdiçamo-nos numa espraiada letargia a que, para nosso próprio engano e consolo, chamamos existência. No resto, vamos vagalumeando, acesos apenas por breves intermitências. Uma vida inteira pode ser virada do avesso num só dia por uma dessas intermitências.”
in “Jesusalém” de Mia Couto (pág. 123)


sexta-feira, 24 de julho de 2009

A vírgula

A vírgula é frequentemente, injustamente diga-se, considerada inútil e por isso votada ao desprezo. Há mesmo quem faça questão de não usar tal ninharia ou, displicentemente, coloque uma aqui, outra ali, só para que não digam que não a conhece.
E a diferença que ela faz!

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Ver estrelas

No próximo sábado há Noite das Estrelas!
"Várias cidades do país vão devolver o céu estrelado aos seus habitantes, apagando as luzes numa zona da cidade", disse o astrónomo Máximo Ferreira.
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Em Lisboa, a partir das 21h 30, está previsto que Belém apague as luzes para que seja possível ver as estrelas, "porque os habitantes das grandes cidades já não vêem as estrelas há muito tempo e a poluição luminosa tem uma série de inconvenientes", sublinhou.
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"Desde logo, as pessoas, os pássaros e as plantas já não sabem bem quando é de dia e quando é de noite e depois há o consumo de energia: as luzes nas cidades não estão a iluminar o chão, são dirigidas para cima, e esta actividade pretende também alertar que assim é estar a atirar energia para o espaço", destacou ainda aquele astrónomo.
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Promovida pelo Ano Internacional de Astronomia (AIA 2009), esta iniciativa faz parte da "Noite das Estrelas", e tem como objectivo chamar a atenção dos cidadãos para os graves prejuízos ambientais e sociais que resultam da má utilização dos sistemas de iluminação e é produzida sobretudo por candeeiros e projectores que, por concepção inadequada ou instalação incorrecta, emitem luz muito para além da zona pretendida.
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Ainda no âmbito do Ano Internacional da Astronomia, vai realizar-se, de 29 de Julho a 2 de Agosto, a “Astrofesta”, que inclui 'workshops' e abre com uma conferência sobre Galileu e as alterações provocadas pelas suas ideias.


E se as estrelas descessem do céu?

Aqui fica o convite à leitura da obra de João Pedro Mésseder "À noite as estrelas descem do céu", 34 poemas destinados especialmente ao público juvenil, com ilustração do pintor Emílio Remelhe.

sábado, 11 de julho de 2009

Esperança

Cântico da Esperança
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Não peça eu nunca
para me ver livre de perigos,
mas coragem para afrontá-los.
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Não queira eu
que se apaguem as minhas dores,
mas que saiba dominá-las
no meu coração.
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Não procure eu amigos
no campo da batalha da vida,
mas ter forças dentro de mim.
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Não deseje eu ansiosamente
ser salvo,
mas ter esperança
para conquistar pacientemente
a minha liberdade.
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Não seja eu tão cobarde, Senhor,
que deseje a tua misericórdia
no meu triunfo,
mas apertar a tua mão
no meu fracasso!
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Rabindranath Tagore, in "O Coração da Primavera"
Tradução de Manuel Simões

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Decreto n.º 35 228, de 8 de Dezembro de 1945

Ficaram curiosos?

Saibam então que...

A 12 de Julho de 1945, foi inaugurada, na Academia de Ciências de Lisboa, a Conferência Inter-académica Luso-brasileira da Língua Portuguesa, a fim de debater a unificação ortográfica do idioma comum aos dois países. O acordo então obtido acabaria por ser adoptado apenas por Portugal, através do Decreto n.º 35 228, de 8 de Dezembro de 1945.

Aqui ficam dois “artigos” do decreto de antanho.

Emprego exclusivo de perguntar, pergunta, etc., na escrita corrente, podendo, todavia, as formas preguntar e prèguntar, etc., meras representantes de variações fonéticas, ser consignadas em vocabulários e dicionários para se atender aos casos em que se queira reproduzir determinado tipo de linguagem local.

Emprego do acento agudo na terminação ámos da primeira pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo dos verbos da primeira conjugação. Observe-se que, neste caso, em que as pronúncias de Portugal e do Brasil divergem, o acento agudo não serve para indicar o timbre, mas apenas para distinguir essa forma da sua correspondente no presente do indicativo, em benefício da clareza do discurso.

Mas vale a pena ler na íntegra e comparar com o actual acordo.

http://www.priberam.pt/docs/AcOrtog45_73.pdf

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Férias a ler dá saúde e faz crescer II

Perante o justo reparo, aqui ficam algumas sugestões de leitura, para os mais, muito mais crescidos.
Um primeiro encontro ou um reencontro, ... em ambos o prazer de ler.
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* O triunfo dos porcos, George Orwell
* A Cidadela, Antoine de Saint-Exupéry
* O outro pé da sereia, Mia Couto
* Mulher em branco, Rodrigo Guedes de Carvalho
* Barroco Tropical, José Eduardo Agualusa
* O Papalagui (compilação dos discursos de Tuiavii, chefe da tribo Tiavea, em Samoa, na Polinésia, recolhidos pelo escritor holandês Erich Scheurmann)