quinta-feira, 30 de maio de 2013

Mia Couto


        "Nenhuma palavra alcança o mundo, eu sei. Ainda assim, eu escrevo."

O vencedor do Prémio Camões  2013 é o escritor moçambicano Mia Couto.

O júri justificou a distinção de Mia Couto tendo em conta a “vasta obra ficcional caracterizada pela inovação estilística e a profunda humanidade”, segundo disse à agência Lusa José Carlos Vasconcelos, um dos jurados.

Em declaração à Lusa, Mia Couto disse-se "surpreendido e muito feliz" por ter sido distinguido com o 25º Prémio Camões, num dia que, revelou, não lhe estava a correr de feição. “Recebi a notícia há meia hora, num telefonema que me fizeram do Brasil. Logo hoje, que é um daqueles dias em que a gente pensa: vou jantar, vou deitar-me e quero-me apagar do mundo. De repente, apareceu esta chamada telefónica e, obviamente, fiquei muito feliz”, comentou o escritor.

Nascido em 1955, na Beira, no seio de uma família de emigrantes portugueses, Mia Couto começou por estudar Medicina na Universidade de Lourenço Marques (atual Maputo). Integrou, na sua juventude, o movimento pela independência de Moçambique do colonialismo português. A seguir à independência, na sequência do 25 de Abril de 1974, interrompe os estudos e vira-se para o jornalismo, trabalhando em publicações como A Tribuna, Tempo e Notícias, e também a Agência de Informação de Moçambique (AIM), de que foi director.

Em meados da década de 1980, regressa à universidade para se formar em Biologia. Nessa altura, tinha já publicado, em 1983, o seu primeiro livro de poesia, Raiz de Orvalho.

Em 1986 edita o seu primeiro livro de crónicas, Vozes Anoitecidas, que lhe valeu o prémio da Associação de Escritores Moçambicanos. Mas é com o romance, e nomeadamente com o seu título de estreia neste género, Terra Sonâmbula (1992), que Mia Couto manifesta os primeiros sinais de “desobediência” ao padrão da língua portuguesa, criando fórmulas vocabulares inspiradas da língua oral que irão marcar a sua escrita e impor o seu estilo muito próprio.

“Só quando quis contar histórias é que se me colocou este desafio de deixar entrar a vida e a maneira como o português era remoldado em Moçambique para lhes dar maior força poética. A oralidade não é aquela coisa que se resolve mandando por aí umas brigadas a recolher histórias tradicionais, é muito mais que isso”, disse, na citada entrevista. E acrescentou: “Temos sempre a ideia de que a língua é a grande dama, tem que se falar e escrever bem. A criação poética nasce do erro, da desobediência.”
Foi nesse registo que se sucederam romances, sempre na Caminho, como A Varanda do Frangipani (1996), Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra (2002 – que o realizador José Carlos Oliveira haveria de adaptar ao grande ecrã), O Outro Pé da Sereia (2006), Jesusalém (2009), ou A Confissão da Leoa (2012). Paralelamente aos romances, Mia Couto continuou a escrever e a editar crónicas e poesia – “Eu sou da poesia”, justificou, numa referência às suas origens literárias.

Criado por Portugal e pelo Brasil em 1989, e atualmente com o valor monetário de cem mil euros, o Prémio Camões é o principal prémio destinado à literatura em língua portuguesa e consagra anualmente um autor que, pelo valor intrínseco da sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da língua comum.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Enid Blyton



A escritora Enid Blyton, autora das aventuras do Noddy, falecida há 45 anos, é ainda hoje uma mais vendidas no mundo, afirma Alice Vieira na sua obra O mundo de Enid Blyton, que é apresentada na próxima segunda-feira, em Lisboa.

A autora afirma que, nesta obra, pretende aproximar-se de "quem foi afinal esta mulher, que marcou gerações no mundo inteiro" e "que ainda hoje, na era da tecnologia mais avançada, consegue cativar pequenos leitores", e cita o psicólogo Michael Wood que assim descreveu Enid Blyton: 'Era uma criança, pensava como uma criança, escrevia como uma criança".

Enid Blyton iniciou a sua carreira literária em 1922 e, até 1967, quando publicou os últimos livros, escreveu mais de 700 títulos. 

quinta-feira, 16 de maio de 2013

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Achimpa


Catarina Sobral escreveu e ilustrou Achimpa.

Não conhece a palavra? Não se preocupe! Ou melhor, preocupe-se e tente descodificá-la.

Segundo a narrativa da autora, o registo de “achimpa” foi encontrado “num velho e caquético dicionário”. Todos passaram a querer usar a nova palavra, mas não sabiam como. “Então, alguém se lembrou de perguntar à D.ª Zulmira (que tinha 137 anos) se ela conhecia aquela palavra esquisita.” E logo a senhora corrigiu quem perguntava. “Não é ‘achimpa’, mas ‘achimpar’, um verbo da primeira conjugação”, explicou prontamente. “Ao que parece, achimpava-se, sempre se tinha achimpado e achimpar-se-ia enquanto houvesse gente no mundo.”

Uma ideia inteligente e divertida, sobretudo para quem gosta de palavras e de estudá-las.

Achimpa ganhou o Prémio SPA da categoria de Melhor Livro Infantil 2013.


História de gato e rato....

 
Max vive em Munique com os seus pais e irmãos e com Mix, o seu inseparável gato preto com uma mancha branca na barriga.
Amigos desde a infância, quando Max cresce e decide mudar de casa, leva Mix consigo. Mix adora viver no novo apartamento. Mas quando Max começa a trabalhar e não pode estar tanto tempo em casa, Mix, que está a envelhecer e a perder a visão, sente-se cada vez mais sozinho.

Um dia, Mix ouve uns passinhos suaves vindos da despensa e descobre que há um ladrão a comer os cereais crocantes do dono. Esperto, Mix deixa-se ficar quieto e, de repente, com a rapidez de outros tempos, estica a pata e sente o corpo trémulo de um minúsculo ratinho. Mex, como é batizado, é um ratinho mexicano, muito medroso e charlatão. Mas os verdadeiros amigos apoiam-se um ao outro e juntos aprendem a partilhar o que de melhor têm dentro de si.

Baseado num episódio da vida de um dos filhos de Luis Sepúlveda, a História de um gato e de um rato que se tornaram amigos oferece-nos uma vez mais uma fábula singela e divertida sobre o verdadeiro valor da amizade.

domingo, 5 de maio de 2013

Mãe

                     Palavras para a Minha Mãe
mãe, tenho pena. esperei sempre que entendesses
as palavras que nunca disse e os gestos que nunca fiz.
sei hoje que apenas esperei, mãe, e esperar não é suficiente.
pelas palavras que nunca disse, pelos gestos que me pediste
tanto e eu nunca fui capaz de fazer, quero pedir-te
desculpa, mãe, e sei que pedir desculpa não é suficiente.

às vezes, quero dizer-te tantas coisas que não consigo,
a fotografia em que estou ao teu colo é a fotografia
mais bonita que tenho, gosto de quando estás feliz.

lê isto: mãe, amo-te.

eu sei e tu sabes que poderei sempre fingir que não
escrevi estas palavras, sim, mãe, hei-de fingir que
não escrevi estas palavras, e tu hás-de fingir que não
as leste, somos assim, mãe, mas eu sei e tu sabes.

                                  José Luís Peixoto, in "A Casa, a Escuridão"
Selda Marlin Soganci

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Mergulhar nas palavras...

Com a escritora Maria Teresa Maia Gonzalez

Após a leitura de Quase Adolescente, vinte e quatro adolescentes do 7º G estiveram, no dia 30 de abril, na BECRE,  à conversa com a escritora Maria Teresa Maia Gonzalez.
 
Gostar de si próprio, saber aceitar o que não podemos mudar, ter determinação para mudar aquilo que depende de nós, saber fazer escolhas, partilhar sentimentos e opiniões com os outros, ter coragem para enfrentar os medos (crescem desmesuradamente se não os combatermos), não ter receio de errar, não ser "pequeno" (porque "quem se sente pequeno fabrica veneno"), ... Foram estas as mensagens que nos deixou, entre muitas outras.
 
Aqui ficam algumas imagens.
 


Uma recordação nossa simbolizando a capacidade de voar que todos temos.


A caixinha com pedaços dos adolescentes do 7ºG.